Se você segue 10 mil pessoas no Twitter você está enganando 10 mil pessoas

O Twitter é uma rede social diferente. É uma rede assimétrica. No Orkut, Facebook, Linkedin, etc. as duas pontas do relacionamento precisam confirmar a conexão para que ela exista. Se eu sou seu amigo no Orkut você é, automaticamente meu amigo. A abordagem no Twitter é mais parecida com a de um blog: eu posso ler seu blog e você nem saber que eu existo. Mas ao contrário do blog essa relação é mais explícita: eu apareço na sua lista de “seguidores”. (tem gente que odeia a expressão seguidores, dizendo que quem tem seguidor é Jesus mas, ei, é essa a palavra usada pelo Twitter: followers)

Para mim esse é o ponto mais forte do Twitter e o motivo de eu passar mais tempo nele do que em outras redes sociais (e eu nem considero o Twitter uma rede social, para mim ele está mais próximo de um mensageiro instantâneo do que do Orkut). No Twitter eu consigo controlar muito mais a razão ruído-sinal das conversas. Eu sigo e deixo de seguir as pessoas durante o mês de acordo com o volume e qualidade do papo. E, ainda assim, consigo interagir com quem me lê mas eu não leio de volta, já que o Twitter oferece ferramentas (da tela de respostas ao search.twitter.com) para que eu veja quem se comunica comigo.

Daí aparecem os tais especialistas em redes sociais defendendo que você deve seguir de volta todo mundo que segue você. Que é de bom tom, é delicado, é uma gentileza. Guy Kawasaki é o maior defensor dessa abordagem e esse blog chega a dizer que se eu não sigo o cara de volta eu, automaticamente, deixei de ser interessante já que estaria demonstrando que não quero conversar com ele. Essa visão não poderia estar mais errada.

Como bem disse o Danilo “Eu não acredito em ninguem que segue mais de 1.000 pessoas“. Se você segue mais de 1000 pessoas você não está se relacionando com nenhuma delas, você só está recebendo ruído. Ou nem isso, porque se você segue mais de mil pessoas você provavelmente nem abre seu Twitter já que o volume de mensagens é simplesmente impossível de consumir. Só há uma justificativa para seguir todo mundo de volta: se você é uma empresa e quer dar aos seus “consumidores” a possibilidade de mandar mensagens diretas. (e ainda não tenho opinião formada sobre como uma empresa deve abordar o Twitter)

Imagine o cenário dos blogs: “Ei, eu leio seu blog você precisa assinar o RSS do meu blog de volta.” Soa bem imbecil, não? Assimetria: essa palavra resume a beleza do Twitter.

O antropólogo Robin Dunbar defende que só conseguimos manter relações sociais estáveis com, aproximadamente, 150 pessoas. Descontando o número de amigos que quase nunca atualizam seus twitters, quando você acompanha muito mais do que isso as pessoas começam a virar borrões, você não lembra mais a história por detrás daquela carinha, quem é aquela pessoa e o que ela significa. Se você segue mais de 1000 pessoas no Twitter você não está ali para socializar, está ali para aparecer.

Você pode pensar “puxa, que legal, o cara me seguiu de volta, ele está interessado no que eu tenho a dizer” mas é claro que não. Ninguém consegue acompanhar o que 10 mil pessoas estão twittando. Você está sendo tão ignorado quanto é por aquele cara que simplesmente não apertou o follow na sua tela você só acha que tem mais atenção.


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